29 maio 2006

“Foguinho é muito sacana”

Criança é um barato mesmo... Verdadeiras, honestas, não mentem nunca, falam tudo que vêm na cabeça, sem censura e sem hipocrisia. Captam de longe o estado de espírito das pessoas. Neste final de semana, aniversário de oito anos de Breno, meu sobrinho, dediquei boa parte do meu tempo a elas: Dandara (minha afilhada), o aniversariante, Thaiana e Gabriel. A casa ficou lotada. E como recordar é viver, não faltou assunto em casa: família, amigos, novidades do “Beco da Baiúca”, nada escapou do olhar crítico para recriar interpretações para velhas histórias que conheço muito. O aniversário foi muito bom, barulho, crianças correndo, bolo, brigadeiro, guaraná... Adoro festa de criança!

Como havia prometido a Gabriel Castro Issa (ele sempre faz questão de dizer o nome completo quando lhe perguntam como se chama), iria pega-lo à tarde para vir ao aniversário. Como dormi a tarde toda, só cheguei em Brotas umas 18h30. Ele já me esperava na janela, pronto, presente na mão, e colocando em dúvida se eu iria pegá-lo ou não. Quem é Gabriel? Gabriel é filho de uma grande amiga minha – na verdade adoro a família toda, parentes que “escolhi” aqui em Salvador – um “neném” de três anos, esperto, inteligente, tagarela. Quando chegou lá em casa, foi logo soltando a pérola: “Quinho, Foguinho é muito sacana”. Não houve quem não gargalhasse! Isso após ele conhecer o novo morador lá de casa, “Foguinho”, um papagaio verde-amarelo, que deve ter uns dois meses de idade e tão inquieto quanto. Danado como só ele, foi bicado pelo bicho. Gargalhada geral! Que figurinha o cara!

Depois do aniversário, muitas coisas pra fazer, dar carona a uns convidados, levar Gabriel em casa, outro aniversário pra ir, enfim, noite fria e movimentada. Quando todas as possibilidades da madrugada já haviam sido esgotadas, apesar do frio e da possibilidade de chuva, fomos parar no Mercado do Peixe, eu e mais dois amigos. Gosto dali. Apesar de ser simples, o local geralmente é agradável, genuinamente baiano, desde as músicas, até a culinária típica (que quase nunca me arrisco). Dá a impressão que após a balada, o local é escolhido pela galera para tomar a “saideira”. Como o que vale mesmo é a boa conversa, a cerveja gelada, foi uma madrugada agradável... As horas passaram tão depressa, o bate-papo rendeu tanto que, quando olhamos pro relógio já eram quase 5h da manhã e a saideira nunca era a saideira. Acho que ninguém queria ir embora!

Quase não dormi e às 10h do domingo já estava sendo acordado, puxado da cama, literalmente (risos)... Fui convocado para um almoço, pra variar atrasei. O almoço foi bom, a companhia é boa e o papo não poderia ser melhor. Gosto do diálogo, acho que ele é o que mantém qualquer relação, seja de amizade, familiar, de cumplicidade, namoro, enfim. Diálogos inesperados sobre necessidades domadas (risos). Porém, tem que ser sincero, verdadeiro, e sinceridade é o que encontrei agora! Nunca conversei tanto, por tanto tempo, sobre vários assuntos: música, cinema, jornalismo, a inconstância das pessoas, administração do tempo, decepções, entretenimento, a noite de sábado, espiritualidade, passado, presente, futuro, problemas, família, futuro com planos. Empolgação!

Saiba – A música de hoje é uma composição de Arnaldo Antunes, cantada também por Adriana Calcanhotto. Fala de igualdade, de infância, da família, da inocência perdida, ou não. Da inocência que todos nós temos, até sermos transformados pela vida. Legal isso, essa nostalgia, as recordações, as mudanças, a saudade de uma época que não volta, mas, marca pro resto da vida. Divertir-se com os sobrinhos é ótimo... Agora, graças a Gabi, descobri que Foguinho é sacana! Vou ficar de olho...


Saiba
(Arnaldo Antunes)

Saiba: todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão também
Hitler, Bush e Sadam Hussein
Quem tem grana e quem não tem

Saiba: todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
e também você e eu

Saiba: todo mundo teve medo
Mesmo que seja segredo
Nietzsche e Simone de Beauvoir
Fernandinho Beira-Mar

Saiba: todo mundo vai morrer
Presidente, general ou rei
Anglo-saxão ou muçulmano
Todo e qualquer ser humano

Saiba: todo mundo teve pai
Quem já foi e quem ainda vai
Lao Tsé Moisés Ramsés Pelé
Ghandi, Mike Tyson, Salomé

Saiba: todo mundo teve mãe
Índios, africanos e alemães
Nero, Che Guevara, Pinochet
e também eu e você

6 comentários:

Anônimo disse...

Essa história do foguinho além de ser divertida resgatou lembranças da minha infância. Você escreve de uma forma muito interessante. Não parece que estou lendo, parece que to ouvindo a história...e isso prende a atenão do leitor.
Jpa pensou em escrever um livro de contos? Se quiser posso fazer a diagramação.

Biu disse...

Mais tarde eu prometo que leio, tá?? hauahauah
Projeto bombando!!
bjusssssssss

Renata Almeida disse...

Marcos...estou adorando "te ler". Criança são seres do outro mundo! E que mundo doce e divertido...por isso ainda guardo um pouquinho dele em mim hhehehe
Beijo!

Anônimo disse...

Amigo vc sabe o tanto que admiro seu trabalho, mas passei pra brigar!!! Ei, eu também sinto saudade de conversar com vc... Marque um desses bate-papos deliciosos com a gente tb, viu?!? Beijos

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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