27 junho 2006

Chuva, frio, licor e cerveja... Ou jenipapo absoluto

Neste São João, paguei todos os meus pecados


Apesar do sarcasmo, dos carrinhos, excesso de faltas e cartões amarelo/vermelho... O Brasil está nas quartas de final. Vencemos Gana por 3x0. Quanto ao São João... Ainda dá tempo de postar alguma coisa e garanto: foi uma viagem insólita... Ou melhor, uma viagem para pagar todos os pecados. Meu São João começou assim... Como sempre (não mudo nunca!), perdi todas as caronas possíveis e deixei para comprar a passagem na última hora. Resultado: viajei para Itaberaba (minha cidade natal), em pé, na sexta-feira, pois trabalhei até o meio-dia. Nada menos que quatro horas de viagem, num ônibus lotado. Para se ter uma idéia da visão do inferno, nem no chão, no corredor do ônibus, dava para sentar. Me fazendo companhia, mais umas 20 pessoas, todas em pé. Isso causou um certo constrangimento, principalmente quando alguém pedia para encostar no braço das poltronas e o pedido era negado. A atmosfera era típica dos festejos juninos, desde a música, que se ouvia num radinho de pilha em algum lugar do ônibus, até o licor, socializado entre alguns viajantes. Ficar em pé me incomodava. O delírio e a vontade de chegar eram tão grandes que até cochilei em pé para tentar fugir daquilo... Parecia uma sessão de tortura chinesa! Mas o resultado foi bom, muito forró, muita conversa, licor à vontade, comidas típicas, reencontros, lembranças e até traumas de infância... Deu pra matar as saudades e passar um São João gostoso em família!

Cheguei na estação rodoviária do meu destino lá pelas 0h30... Ufa, que alívio! Alívio nada! Não combinei com ninguém lá de casa pra me pegar, todos já estavam na rua... Como a rodoviária fica distante, tive que ir de moto-taxi. Pois é, Itaberaba cresceu tem umas 3567 empresas de moto-taxi e, dizem, é a capital da Chapada Diamantina, apesar de ter apenas uns 80 mil habitantes (uma cidade calma, com um ritmo de vida peculiar de qualquer cidade do interior. E como toda cidade do interior, tem uma praça bacana, igrejas e uma emissora de rádio comunitária que fazem sucesso...). Depois de viajar essas quatro horas em PÉ, fui para casa de moto-taxi mesmo. Tive certeza que ali zerei todos os meus pecados com São João, São Pedro, Santo Antônio... Um frio de rachar, em torno de 14º, mochila nas costas, capacete, uma camisa que não me protegia em nada do frio, um sereno ralo, fumaça saindo pela boca, por causa da temperatura baixa... Parece até que eu estava fumando...

Pit-stop em casa, tomo banho, troco de roupa e vou para o circuito oficial... Dancei forró até amanhecer. Nó sábado só acordei lá pelo meio dia. Este ano, apareceu uma novidade por lá: o Forró do Bob, um destes forró’s fechados, estilo Forró do Visgo e Cia. Não gosto muito destas novidades, acho que descaracteriza o clima da festa. Não fui e não senti falta... Durante o dia, reunimos a família em casa, mães, irmãos, sobrinhos, conversamos, jogamos conversa fora, relembramos histórias antigas. Aproveitei para me inteirar de todas as novidades do Beco da Baiúca. Houve até um papo sócio-filosófico e até sexual sobre as origens do jenipapo. Isso mesmo... hehehehehe... Mas, isso já é motivo para um outro post. Bebi muito licor, falei muita bobagem, fiquei bêbado... À noite, consegui ir novamente pro circuito... A viagem de volta foi mais tranqüila. Talvez tenha aprendido e comprei a passagem de volta pra Salvador assim que cheguei em Itaberaba...


Genipapo Absoluto
(Caetano Veloso)

Como será pois se ardiam fogueiras
Com olhos de areia quem viu
Praias, paixões fevereiras
Não dizem o que junhos de fumaça e frio
Onde e quando é genipapo absoluto
Meu pai, seu Tanino, seu mel
Prensa, esperança, sofrer prazeria
Promessa, poesia, Mabel

Cantar é mais do que lembrar
É mais do que ter tido aquilo então
Mais do que viver do que sonhar
É ter o coração daquilo

Tudo são trechos que escuto – vêm dela
Pois minha mãe é minha voz
Como será que isso era este som
Que hoje sim, gera sóis, dói em nós
"Aquele que considera"
A saudade de uma mera contraluz que vem
Do que deixou pra trás
Não, esse só desfaz o signo
E a "rosa também"

26 junho 2006

Segunda-feira: 1001 coisas pra fazer...

Galera leitora do meu blog: sei que ando em falta com todos, mas, esse final de semestre foi complicado. Agora mesmo estou tentando terminar um estudo de caso sobre marketing cultural. E o pior: perigando ir pra final... Tomara que não! E ainda tenho que fechar o jornal aqui da assessoria. Ao todo, 1001 coisas pra fazer... Juba, nosso encontro com Rê tá de pé, viu, vê se não fura... rsrsrsrs... Quanto às suas terapias diárias (meus textos), prometo que logo, logo, volto a saciar sua alma!!! Camilet, ou, Mila Casé, pensa naquela idéia que te falei e me procura. Renata, aquela letra é muito legal, né (Lugares Proibidos)? É uma música de Helena Elis, cantora que não conhecia! Ouvi algumas vezes na Nova Brasil. Respondendo sua pergunta: confesso que estava apaixonado... Hoje estou mais apaixonado ainda... apaixonado pela vida, pelas pessoas, por minha família, pelos amigos de verdade, pelos que me estimam e até os que, por algum motivo, não gostam de mim... rsrsrsrsrsrs... Quanto ao São João, amanhã conto tudo... Thaise, não esquece de ver com a filosofa o lance da feira e me fala, viu! Fá, me perdoa, falhei com você, né! Mas, como te falei, o novo sistema de busca está horrível. Acho que a solução é dar um pulo lá e fazer a pesquisa. E o São João? E a resolução do nosso problema com Xanda? Vamos agilizar...

Bom dia a todos,


Admito Que Perdi
(Marina Lima/Paulinho Moska)

Se você não suporta mais tanta realidade
Se tudo tanto faz, nada tem finalidade
Então prá que viver comigo?

Eu não vou ficar prá ver nossa ponte incendiada
Nossa igreja destruída, nossa estrada rachada
Pela grande explosão que pode acontecer
No nosso abrigo

Olhei pro amanhã e não gostei do que vi
Sonhos são como deuses:
Quando não se acredita neles, deixam de existir
Lutei por sua alma mas admito que perdi

E agora vou me perder nesse planeta conhecido
Intuir novos mistérios, descobrir outros sentidos
Naquelas palavras marcadas na carta de adeus

Meu corpo vai sobreviver mesmo estando ferido
E até na hora de morrer eu não vou me dar por vencido
Porque sei que meus perdões vão estar bem
Ao lado dos teus

Olhei pro amanhã e não gostei do que vi
Sonhos são como deuses:
Quando não se acredita neles, deixam de existir
Jurei por sua alma mas... perdi

23 junho 2006

Lugares Proibidos

(Helena Elis)

Eu gosto do claro quando é claro que você me ama
Eu gosto do escuro no escuro com você na cama
Eu gosto do não se você diz não viver sem mim
Eu gosto de tudo, tudo que traz você aqui
Eu gosto do nada, nada que te leve para longe
Eu amo a demora sempre que o nosso beijo é longo
Adoro a pressa quando sinto
Sua pressa em vir me amar
Venero a saudade quando ela está pra terminar
Baby, com você já, já

Mande um buquê de rosas, rosa ou salmão
Versos e beijos e o seu nome no cartão
Me leve café na cama amanhã
Eu finjo que não esperava
Gosto de fazer amor fora de hora
Lugares proibidos com você na estrada
Adoro surpresas sem data
Chega mais cedo amor
Eu finjo que não esperava

Eu gosto da falta quando falta mais juízo em nós
E de telefone, se do outro lado é a sua voz
Adoro a pressa quando sinto
Sua pressa em vir me amar
Venero a saudade quando ela está pra terminar
Baby com você chegando já

São João... Viajo agora com o coração partido...
Segunda-feira tô de volta...

21 junho 2006

“Cretino mesmo é quem se acha a última linha preta do tonner”


“Cretino mesmo é quem se acha a última linha preta do tonner”... Hehehehe... Ouvi esta frase essa semana e não agüentei... Fiquei um tempão rindo da bobagem. Mas, concordo: o que tem de gente se achando a última linha preta do tonner por aí não é brincadeira! Pra completar, fui surpreendido com uma pergunta que me fez pensar: você sabe o que Bóris Casoy e Zeca Camargo têm em comum? E qual a ligação entre Luisa Mell e Ana Paula Padrão? Podem dizer o que Marília Gabriela tem e Fátima Bernardes também?". Essas são perguntas que merecem reflexões profundas. Tem gente que é cretina mesmo... E tem jornalista que é estrela... Para os mais apressadinhos que estão lendo meu blog agora, morrendo de curiosidade, é só clicar no link que aparece aqui para descobrir.

Para descontrair a leitura nesta quarta-feira chuvosa, início de inverno, quando as noites devem ficar mais longas e os dias mais curtos, selecionei uma série de manchetes navegando nos principais jornais da Internet. Cada coisa... Então, vamos ao rosário: Casseta bate recorde com homenagem a Bussunda; Chico Buarque marca 3 no jogo em que festejou 62 anos; Clodovil interpreta personagens femininos no TCA; Estudo explica elo entre maconha e fome; Cigana Samantha prevê futuro de internautas...

A nota sobre o Casseta Bussunda, não causou muito impacto. Curto e impessoal, o texto não refletiu o sentimento do brasileiro, que perdeu, prematuramente, um craque do humor. A edição especial do Casseta & Planeta, que foi ao ar ontem em homenagem ao humorista, obteve média de 48 pontos no Ibope e share – participação de televisores ligados no momento do programa – de 67%. O programa costumava ficar com 40 pontos. O humorístico exibiu os melhores momentos de Bussunda e entrevistas feitas por ele com Ayrton Senna e Ronaldo. O jornalista que escreveu, com certeza, poderia seguir dois caminhos sem medo de errar: ser mais emotivo ou adotar uma pitada de humor no texto... Coisas do jornalismo online...

E essa foi a melhor de todas que encontrei: Chico Buarque marca 3 no jogo em que festejou 62 anos. Isso sim, representa empenho no futebol. A partida terminou com o placar de 9 X 5 para a equipe comandada por Chico, que marcou 3 gols. Detalhe: ele estava na Alemanha. Bem que poderia ser convocado por Parreira! Enquanto isso, em algum lugar na terra de Hittler... Jogadores que se acham a última linha do tonner insistem em deixar em frangalhos o coração de 180 milhões de brasileiros. Tomara que nossa seleção esteja empenhada para o jogo de amanhã! Não basta ganhar, tem que fazer espetáculo, afinal, somos a melhor seleção do mundo!

Já o impagável Clodovil, promete interpretar no palco do TCA diferentes papéis femininos no espetáculo 'Eu e ela'... representações de intérpretes como Billie Holiday e Carmen Miranda estão na pauta. E a imprensa local... garante que ele vai emocionar o público baiano em canções como Tatuagem, Gracias a la vida e Ne me quitte pas. Confesso que fiquei curioso para ver!

E o que falar da larica? Pois é, um neurocirurgião brasileiro descobriu por que a maconha provoca isso. Será que foi uma pesquisa de campo ou uma auto-pesquisa? Quem vai saber... A verdade é que ele conseguiu elucidar a relação entre hormônios e moléculas canabinóides que existem naturalmente no cérebro humano. A reação ocorre através de mecanismo bioquímico, que conecta a regulação do apetite aos chamados endocanabinóides – substâncias naturais do organismo que imitam a ação dos derivados da a maconha. O novo trabalho pode ter implicações para o estudo de mecanismos regulatórios de estresse, sono e memória e apontar alvo para drogas. Gostei da descoberta...

“Cigana Samantha prevê futuro de internautas”. Bom, para fechar com chave de ouro, o que dizer da Cigana Samantha? Conhecem? Para quem ainda não conhece, ela é capaz de prever o futuro pela internet... Hehehehehe! Detalhe: é tudo de graça, basta um clique... Aliás, nada é de graça nessa vida... custa apenas alguns cliques!

Pior do que essa da Samantha, só o “Urinol Sensual”. Isso mesmo, é aquela foto que está lá em cima, no início do post. Traduzindo: objetos moderninhos para banheiros, lançados pela Bathroom Mania! Já imaginou, ir tirar a água do joelho num banheiro qualquer e, ao invés de encontrar tudo normalzinho, você encontra lá uma boca enorme, vermelha e... sensual... Com certeza será um ato terrorista para os quem tem ejaculação precoce! Isso me faz lembrar a história de Chapeuzinho Vermelho... "Pra que esta boca tão grande..." Depois dessa, com certeza Samantha foi rebaixada... Quem manda não ser assim, uma Daniela Cicarelli...

Boa semana a todos, bom jogo!
Chegou o inverno...

14 junho 2006

Razão e emoção – Bess, you is my woman now!

“Refletir é transgredir a ordem do superficial”. Estava pensando sobre essa frase, titulo de livro da escritora Lia Luft. Transgredir, às vezes, é uma forma de se conhecer melhor... É romper os limites do supérfluo... Adotei essa filosofia e voltei a me permiti algumas coisas... Caminhei na praia, bebi muita champanhe, ri e me divertir. Às vezes é bom perder o time das coisas. Descobri muitas outras coisas soube tantos outros assuntos... Reencontrei comigo quando vi minha outra face, revi conceitos e percebi coisas imperceptíveis. Passei a fazer tudo que não fazia ou o que sempre evitei fazer. Deixei de ser tão racional. A racionalidade é uma exigência da sociedade. Hoje, sei que não devo carregar este conceito de racionalidade comigo, pelo menos não tão a ferro e fogo.

Razão x emoção: aprendi que é impossível conjugar a vida estando preso a somente um destes conceitos (razão ou emoção), nunca, na vida, seriamos capazez de optar apenas por um destes caminhos. Discutir as idéias que temos sobre razão e emoção é sempre muito polêmico. Mas, que conceito é esse que norteia nossas vidas? Será que tesão, emoção e razão andam sempre juntos? Tenho certeza que esta tríade é fundamental para a saúde de uma relação mais íntima e precisa estar equacionada. E o que é que separa a razão da loucura? Existe uma linha tênue entre estes dois conceitos, sei disso. Não vou entrar no mérito.

Não sei se a razão é natural dos homens ou se é um conceito mental, construído ao longo dos tempos pela civilização. Organizar, coordenar, construir... Seguir metas, procedimentos, planejamentos... Parece tudo muito óbvio e fácil. Ser racional é só isso? Então, o que fazer com tudo aquilo que não podemos chamar de racional? Essa pergunta eu tento responder até hoje. Concordo com a celebre frase: “o coração tem razões que até a própria razão desconhece”. Na verdade, acredito que, em algumas momentos da vidas, somos muito mais emoção. Somos humanos, imperfeitos, intrincados num eterno processo ensino-aprendizagem. Esse processo já é racional e esse texto tá ficando muito confuso...

Nietzsche dizia que a vida é cíclica. Então, fico sem saber onde é o começo e onde é o fim das coisas. Será que as coisas, de fato, precisam passar por este processo? De racionalidade, volto a ser só emoção. Ou é apenas o contrário? Sócrates e Platão acreditavam que o corpo, as sensações, as emoções, são a fonte dos erros, da violência e da desordem. Para eles, o homem precisa se opor à sensibilidade, percepções e apetites do corpo. Buscar a essência das coisas, a verdade que vem dos pensamentos e idéias é o que vale. As opiniões e ilusões, as crenças religiosas e, principalmente, as contradições devem ser rejeitadas. Complicado isso!

Sei que, sem razão, o homem não teria sido capaz de fazer coisas memoráveis como cálculos matemáticos complicados, tornar seguro o vôo num avião, mesmo todo aquele equipamento sendo mais pesado que o ar; manter de pé, por milênios, as pirâmides do Egito; as torres gêmeas do World Trade Center; explodir a bomba atômica e dizimar milhares de vidas... Razão e emoção, para o bem ou para o mal... Decodificar a fala em códigos e criar o alfabeto, a palavra escrita, isso é fantástico e é racional e emocional também.

Sem a tal da emoção, que muitas vezes nos faz ficar insones, seria impossível ter criado tudo isso. Sem a emoção, jamais seriamos plenos em alguma coisa. Não amaríamos e nem estabeleceríamos relações de amizade, de afeto, de confiança com as pessoas... Sem emoção, o homem jamais teria criado obras literárias fantásticas. Alice no País das Maravilhas é prova disso! Nessa obra, complexa e cheia de metáforas, refletir, sobre temas aparentemente banais, é pré-requisito para entender a história. Engraçado como podemos aprender tanto com uma menina perdida em um país que não é o seu; um gato esperto, que tenta ser o seu guia neste novo mundo; e as descobertas. Ali, encontramos respostas e perguntas para vários questionamentos, para as coisas da vida! O que realmente somos? Como somos? Como vemos o outro? O que desejamos e o que realmente queremos de nossas vidas? O que fazemos, de fato, para que ocorram mudanças? Poxa, são tantos os temas recorrentes num livro de cunho infantil... A emoção, com certeza, é o que nos torna humanos!

Quando a razão se tornou o ideal de interpretação do mundo, a ausência de razão, a qual convencionamos chamar de loucura, passou a ser o que devemos excluir, banir da sociedade. E isso é feito cotidianamente, mesmo com aqueles que não são loucos. O que a sociedade fez, ao longo da história, com aqueles que não conseguiram controlar as contradições, os afetos, as paixões...? Sabemos muito bem o que foi feito com cada um deles... Mas, será que um certo grau de loucura não é uma condição para criar, para viver, para amar, para sofrer? Estas são perguntas que quero responder ao longo da vida...


Nouvelle Cuisine – A música de hoje... É uma das faixas mais interessante do disco de estréia de Marisa Monte, ao vivo. Bess, you is my woman now, de Gershwin, é pura emoção. E Marisa mostra-se excelente na segunda voz. Ela coadjuva com o cantor Carlos Fernando, do quinteto Nouvelle Cuisine. O arranjo, denso, também é pura emoção. A letra é um show à parte!

Bess, You Is My Woman Now!
(George Gershwin/DuBose Heyward/Ira Gershwin)

Porgy
Bless, you is my woman now!
You is! You is!
An' you mus! laugh an' sing
an' dance for two
instead of one
Want no wrinkle on yo!

brow, no-how.
Because de sorrow
of the pastis all done done
Oh, Bess, my Bess,
de real happiness
is jes' begun!

Bess
Porgy, I's yo' woman now!
I is, I is!
An' I ain' never goin' nowhere
less you shares de fun
Dere's no wrinkle
on my brow, no-how
But I ain' goin'!
You hear me sayin'
If you-ain' goin' ,
wid you l'm stayin'.
Porgy, I's yo' woman now,
I's yours forever
Mornin' time an' evenin' time
an' summer time an' winter time

Porgy
Mornin' time an' evenin' time
an' summer time an' winter time
Bess, you got yo' man!
Bess, you is my woman
now an' forever
Dis life is jes' begun
Bess we two is one
now an' forever
Oh Bess, don' min'
dose women
You got yo' Porgy
you loves yo' Porgy
I knows you means it,
I seen it in yo' eyes, Bess
We'll go swingin'
through de years a-singin'
Hmmm... Momin' timean'
evenin' timean' summer time an' winter time
My Bess, My Bess,
from dis minute I'm tellin' you
I keep dis vow, oh my Bessie
We's happy now
We is one now


Bess
Porgy, I's yo woman now!
I is! I is!
An' I ain' never
goin' nowhere'
less you shares the fun
Dere's no wrinkle
on my brown, no-how
But I ain'goin'!
You hear me sayin'
If You ain goin',
wid you I'm stayn'.
Porgy I's yo woman now!
I's yours forever
Mornin'time an' evenin'timean' summer time
an' winter time
Oh my Porgy, my man Porgy
From dis minute
I'm tellin' you,
I keep dis vow, Porgy
I's yo' woman now

08 junho 2006

Diariamente

Nando Reis


Para calar a boca: Rícino
Pra lavar a roupa: Omo
Para viagem longa: Jato
Para difíceis contas: Calculadora
Para o pneu na lona: Jacaré
Para a pantalona: Nesga
Para pular a onda: Litoral
Para lápis ter ponta: Apontador
Para o Pará e o Amazonas: Látex
Para parar na pamplona: Assis
Para trazer à tona: Homem - Rã
Para a melhor azeitona: Ibéria
Para o presente da noiva: Marzipã
Para Adidas o Conga: Nacional
Para o outono a folha: Exclusão
Para embaixo da sombra: Guarda-Sol
Para todas as coisas: Dicionário
Para que fiquem prontas: Paciência
Para dormir a fronha: Madrigal
Para brincar na gangorra: Dois
Para fazer uma toca: Bobs
Para beber uma coca: Drops
Para ferver uma sopa: Graus
Para a luz lá na roça: 220 volts
Para vigias em ronda: Café
Para limpar a lousa: Apagador
Para o beijo da moça: Paladar
Para uma voz muito rouca: Hortelã
Para a cor roxa: Ataúde
Para a galocha: Verlon
Para ser moda: Melancia
Para abrir a rosa: Temporada
Para aumentar a vitrola: Sábado
Para a cama de mola: Hóspede
Para trancar bem a porta: Cadeado
Para que serve a calota: Volkswagen
Para quem não acorda: Balde
Para a letra torta: Pauta
Para parecer mais nova: Avon
Para os dias de prova: Amnésia
Pra estourar pipoca: Barulho
Para quem se afoga: Isopor
Para levar na escola: Condução
Para os dias de folga: Namorado
Para o automóvel que capota: Guincho
Para fechar uma aposta: Paraninfo
Para quem se comporta: Brinde
Para a mulher que aborta: Repouso
Para saber a resposta: Vide - o - Verso
Para escolher a compota: Jundiaí
Para a menina que engorda: Hipofagi
Para a comida das orcas: Krill
Para o telefone que toca
Para a água lá na poça
Para a mesa que vai ser posta
Para você o que você gosta
Diariamente

06 junho 2006

6 6 6 – O dia hoje é pra ficar em casa...

Engraçado como somos suscetíveis, paradoxais e contraditórios. Se por um lado evoluímos na ciência, nas artes, nas relações, em tecnologia; do outro, ainda criamos especulações, mitificações e cultivamos o medo. Talvez isso tudo sirva para dar sentido à vida. Um amigo estava comentando comigo que hoje é dia de fanáticos religiosos saírem pregando e gritando pelas ruas. Não gosto de criticar este comportamento, acho que religião, já que existe, deve ser respeitada. A verdade é que a data de hoje (06/06/06 = 666), está causando frisson. Interpretações da Bíblia revelam que o anticristo virá com a marca “666” na mão direita ou na testa. É a própria figura do diabo. E a imprensa adora tudo isso...

A indústria cinematográfica americana, claro, saiu na frente e lançou mundialmente A profecia (The omen, EUA, 2006), remake do clássico de terror de 1976. Recebi convite para a pré-estréia, à meia-noite de hoje. Claro, priorizei meu sono, apesar de adorar este tipo de filme. Depois me arrependi. Tive insônia e só consegui dormir depois das 2h. Resultado: perdi o horário e cheguei mais tarde no trabalho.

Entrando no mérito da questão, mas sem ser supersticioso, dizem que está na Bíblia, no Livro das Revelações, a seguinte informação: “a cabalística seqüência de números 6-6-6 representa a chegada do mal absoluto ao reino dos humanos”. Confesso, não chequei a informação, mas, pelo calendário que utilizamos, hoje é o sexto dia, do sexto mês, do ano de 2006. Dizem que hoje veremos a Besta surgir dos mares e criar exércitos em todos os lados, fazendo com que o homem se volte contra seu irmão até não existir mais ninguém sob a face da terra. Prefiro acreditar em Deus, nas forças do bem, no amor... Aproveitando esta aura de previsões, o filme (agora sob direção de John Moore - O vôo da Fênix e Atrás das linhas inimigas) carrega uma estratégia de lançamento interessante e oportunista, criando sensacionalismo.

Como podemos acreditar nisso, se todos os dias somos bombardeados com informações sobre o que já está “previsto”? É o homem contra o homem por uma causa nada nobre. É a natureza primitiva humana sendo posta em xeque todos os dias. Prefiro refletir sobre os episódios reais, ocorridos nos últimos anos, também citados no filme: os ataques terroristas ao World Trade Center, as tsunamis, o desastre do ônibus espacial Columbia... Prenúncios da chegada do anticristo? Acho que não... É uma viagem insólita rumo ao Apocalipse. Destes episódios, sim, devemos ter medo. Hoje, sinto como se fizéssemos uma viagem ao tempo, em que, sozinhos no escuro, sentíamos-nos tomados por uma inquietação sem nome, capaz de nos deixar insones por horas até o sono nos vencer.

Fiquei curioso e quero ver o filme num outro momento. Pelo sim, pelo não, vou esperar o dia de hoje terminar, sei lá... Enquanto isso, melhor locar um DVD, que pode ser uma comédia-romântica, ou aquelas narrativas em que a protagonista só consegue ser feliz no final do filme... Comer uma pipoquinha e, de preferência, dormir abraçadinho é melhor! A música de hoje é um clássico de Cássia Eller, do início da carreira...


O Dedo De Deus
(Arrigo Barnabé/Mário Manga)

...E no princípio Deus criou o céu
E no princípio Deus criou a Terra
A Terra, porém, tava um caos
E as trevas dominavam tudo

Daí o dedo de Deus fez a luz
Daí o dedo de Deus fez o homem
Daí o dedo de Deus fez aquela que seduz
E o mundo cresceu?

- O mundo cresceu. Tudo mudou. Alguém perguntou:
- Será que Deus mudou? Ou será que mudamos de Deus?
Será que Deus mudou?
Ou será que mudamos de Deus?

Será que quem criou o céu
É quem vai destruir a terra?
Será que quem criou a luz (da sombra)
É quem vai destruir a terra? (com a bomba)

Porque pra bomba explodir
Será que é homem?
Será que é mulher?
Será que aperta a hora que quiser?

Como será o dedo da mão de quem vai apertar o botão?
Como será o dedo da mão de quem vai apertar o botão?
Será que ele faz a unha pro dedo ficar bonito?
Antes de apertar o botão?
Antes de afundar o Japão?

E se seu filho morrer num atentado,
Se por acaso sua casa for escolhida,
For invadida por um ladrão, heim?
Será que ele vai pensar duas vezes
Antes de apertar?

Que perigo
Que perigo
Que destino, menino!
Que destino!
Será que Deus mudou? Ou será que mudamos de Deus?

Olha o dedo de Deus apontando pra mim
Olha o dedo de Deus apertando o fim
Olha o dedo na mão, olha o dedo no botão
Olha o dedo de Deus dizendo sim pro não

05 junho 2006

“Andar por outros mundos, outros assuntos, outro lugar”

Uísque, licor de cacau, blandy e vodka... O quinto ingrediente não é revelado nem sob tortura! Neste final de semana fui apresentado a um drinque bem original, com o nome sugestivo de “Miolo de Macaco”. Na sexta-feira, a bebida foi a sensação da madrugada no Postudo e fez minha cabeça mesmo. O drinque é avermelhado, com umas formações no centro do copo, dando a impressão de ser, realmente, um pequeno cérebro. Coisas de macaco pensante! Mas, por que o nome? Salvador é uma cidade em que a criatividade presente nos cardápios é impressionante. Deliciosa a bebida, mas, meu conselho: quem quiser experimentar, cuidado, derruba mesmo. Para acompanhar, Clarice Lispector, ou melhor, um filé aperitivo com outro nome curioso: Felicidade Clandestina. Comida e literatura estão sempre juntas por lá. Comer Clarice, ou melhor, viver uma Felicidade Clandestina é muito bom mesmo, sempre...

Penso agora o quanto meus finais de semana mudaram radicalmente nos últimos dias. Ainda não sei quantificar essas mudanças. Concordo que elas são necessárias, sempre. Algumas vezes as mudanças são impostas de forma brusca. Geralmente fazem muito bem pra alma. Outras, nem tanto. Mas romper a inércia é fundamental para a sobrevivência e estimula a saúde mental. Bom, neste fim de semana, além de provar o tal do “Miolo de Macaco”, fiz um roteiro nada convencional pela cidade. O objetivo: fugir dos lugares da “moda”, bares da Orla, cinemas e shoppings lotados, que são freqüentados sempre pelas mesmas pessoas e as novidades ficam restritas às mesmas coisas. Gosto da simplicidade, da espontaneidade. No domingo, passei toda a tarde no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, que possuí uma vista belíssima da Baía de Todos os Santos. Lugar ideal para assistir ao amistoso do Brasil.

Santo Antônio Além do Carmo é um lugar raro em Salvador, com seus casarões antigos, alguns, mesmo decadentes, são imponentes pela sua história. Moradores simpáticos e hospitaleiros, sentados nas portas de casa, espiando das janelas. Ali, o tempo passa sem pressa, num outro ritmo. Clima nostálgico de interior que ainda é vivido por seus moradores, mesmo na terceira maior capital do país... Até o dia 13 acontece por lá a festa em homenagem a Santo Antônio, com barracas na praça, bebidas e comidas... Gosto dessa época do ano. Ontem, a procissão emocionou os fiéis católicos que apareceram por lá. Eu, claro, fiz minhas orações (risos)...

E hoje estava lendo uma entrevista com o psiquiatra Roberto Shinyashiki, publicada na revista "Isto É". Achei interessante postar hoje aqui. O entrevistador, Camilo Vannuchi, fez a seguinte pergunta: Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus? A resposta do médico mexeu comigo.

“A sociedade quer definir o que é certo. São quatro as Loucuras da Sociedade. A primeira é: instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais. A segunda loucura é: você tem de estar feliz todos os dias. A terceira é: você tem que comprar tudo o que puder. Por fim, a quarta loucura: você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar, indo à praia ou ao cinema. Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. Maior parte pega o médico pela camisa e diz: ‘Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz’. Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali, eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida”.


Noite e Dia
(Lobão/Júlio Barroso)

Nos lençóis da cama
Bela manhã
Um jeito de acordar
A pele branca
Gata garota
O peito a ronronar
Seu fingir dormindo
Lindo
Você está me convidando
Menina quer brincar de amar (bis)
No escuro do quarto
Bela na noite
Nas ondas do luar
Os seus olhos negros
Pantera nua
Querem me hipnotizar
E eu olho sorrindo
Lindo
Você está me convidando
Menina quer brincar de amar (bis)

01 junho 2006

Para um amor no Recife ou dignitati

Prometi pra mim mesmo que, durante estes dias de greve, não iria dedicar nenhuma linha do meu blog ao assunto... Quero falar sobre isso, sobre a mudança na rotina, os transtornos... Mas quero falar sobre isso depois! Agilidade jornalística aqui não é fundamental! Outro dia estava questionando o que é dignidade. O dicionário me trouxe uma resposta impessoal: “dignidade deriva do Latim, dignitati. Cargo que confere ao indivíduo uma posição graduada. Autoridade moral, honestidade, honra, respeitabilidade”. Respeito a si mesmo? Amor próprio? Logo me veio outro questionamento: dignidade tem preço? Para mim, e entre os meus, claro que não! E olha que não costumo me enganar facilmente com as pessoas. Descobri que para outras pessoas, ela tem preço, tem vencimento e é de longa distância. Calma, este post não é para você, desavisado, que está lendo meu blog agora. Este post tem destino certo, endereço, nome e sobrenome!

Como sou um ser racional, pensante e atuante, logo estava me questionando de novo: por que falamos tanto em dignidade? Por que questionamos tanto a dignidade alheia? Sei lá, talvez porque tenhamos medo, respeito, amor solene, reverência... Talvez porque vivemos aprisionados no "Castelo do Barba Azul". Às vezes acho que isso, esse questionamento, funciona como um mecanismo de autodefesa para justificar nossos erros ou os erros dos outros. Nunca os nossos acertos! Uma coisa que carrego comigo é que, para respeitar os sentimentos dos outros, é necessário respeitar os nossos próprios sentimentos e experiências. Não podemos, nunca, nos negar. Para isso, não precisamos ser omissos, nem dissimulados.

Normalmente quando se fala muito em algo, quando exaltamos uma qualidade nossa, que acreditamos ter, existem duas possibilidades: ou somos, de fato, muito bons naquilo, ou deixamos muito a desejar. Coisas que nem Freud explica, aliás, tenta explicar num fenômeno chamado de “projeção”. Coisas da alma... Mas isso é uma outra história... Nem com anos de análise, nem mesmo assim, conseguiríamos ser plenos em alguma coisa. A perfeição só existe nas letras de Renato Russo e Clarice Lispector.

Hoje eu quero mesmo é falar sobre a cidade de Recife... Já me disseram que é um lugar maravilhoso para passear, conhecer pessoas, curtir a noite, viver bons momentos de amor, sexo e traição, enganar... Lugar de encantos, de sotaque carregado, de gente bonita, hospitaleira. De tubarões e instituições bancárias... Recebe muito bem os visitantes! Ao todo, 39 pontes surgem ao longo da cidade, ligando as três ilhas que formam a capital pernambucana – Boa Vista, Santo Antônio e Recife Antigo – ao continente. Imaginem isso... Tentem visualizar esta imagem... Dizem que vista do alto, não nega o título que carrega, o de ser a Veneza brasileira, e olha que falo isso sem mágoa.

E vem de Recife um estilo musical, um movimento que adoro, é o Mangue Beat (ao pé da letra, batida do mangue). E como a música está presente em tudo, tudo mesmo, não poderia ser diferente agora. Este movimento vem da década de 90, e surgiu das ruas e vielas do Recife Antigo para reafirmar a cultura nordestina pelo Brasil. Adoro isso, essa irreverência, esta vontade de mostrar ao resto do país que o Nordeste também é digno. Chico Science e Fred 04, da Banda Mundo Livre S/A, foram os responsáveis e sintetizaram o que acontecia por lá, através de letra e música. Ao maracatu local, foi mesclado o rock. Tradição e modernidade juntas. Global e local propuseram um novo conceito para as coisas. Concordo que dignidade musical também é atitude! E, mesmo distante de Recife, sei o que acontece e aconteceu por lá...

Registros à Meia Voz - Pensei em postar hoje uma música do Chico Science mas, esta conseguiu sintetizar meu sentimento agora e deu razão a este post. Para um amor no Recife é uma música do Paulinho da Viola que adoro. Conheci essa música em 1998, no CD Registros à Meia Voz, de Marina Lima. Neste disco, ela canta magistralmente a composição do sambista, apesar de, nesta época, estar com a voz debilitada, comprometida por causa de uma depressão. Como conseqüência, gravou em estúdio um disco que seria ao vivo e ficou seis anos longe dos palcos. A música vale por tudo: pelo registro, pela letra, vale pela emoção da cantora, pela dor do compositor, pela interpretação. É uma música visceral... Vale principalmente pelo esforço que ela deve ter feito ao cantar, ao gritar pro mundo uma letra assim, tão forte e contundente, mesmo doente da alma.


Para um amor no Recife
(Paulinho da Viola)

A razão porque mando um sorriso
E não corro
É que andei levando a vida
Quase morto
Quero fechar a ferida
Quero estancar o sangue
E sepultar bem longe
O que restou da camisa
Colorida que cobria minha dor
Meu amor eu não esqueço
Não se esqueça por favor
Que eu voltarei depressa
Tão logo a noite acabe
Tão logo esse tempo passe
Para beijar você