05 junho 2006

“Andar por outros mundos, outros assuntos, outro lugar”

Uísque, licor de cacau, blandy e vodka... O quinto ingrediente não é revelado nem sob tortura! Neste final de semana fui apresentado a um drinque bem original, com o nome sugestivo de “Miolo de Macaco”. Na sexta-feira, a bebida foi a sensação da madrugada no Postudo e fez minha cabeça mesmo. O drinque é avermelhado, com umas formações no centro do copo, dando a impressão de ser, realmente, um pequeno cérebro. Coisas de macaco pensante! Mas, por que o nome? Salvador é uma cidade em que a criatividade presente nos cardápios é impressionante. Deliciosa a bebida, mas, meu conselho: quem quiser experimentar, cuidado, derruba mesmo. Para acompanhar, Clarice Lispector, ou melhor, um filé aperitivo com outro nome curioso: Felicidade Clandestina. Comida e literatura estão sempre juntas por lá. Comer Clarice, ou melhor, viver uma Felicidade Clandestina é muito bom mesmo, sempre...

Penso agora o quanto meus finais de semana mudaram radicalmente nos últimos dias. Ainda não sei quantificar essas mudanças. Concordo que elas são necessárias, sempre. Algumas vezes as mudanças são impostas de forma brusca. Geralmente fazem muito bem pra alma. Outras, nem tanto. Mas romper a inércia é fundamental para a sobrevivência e estimula a saúde mental. Bom, neste fim de semana, além de provar o tal do “Miolo de Macaco”, fiz um roteiro nada convencional pela cidade. O objetivo: fugir dos lugares da “moda”, bares da Orla, cinemas e shoppings lotados, que são freqüentados sempre pelas mesmas pessoas e as novidades ficam restritas às mesmas coisas. Gosto da simplicidade, da espontaneidade. No domingo, passei toda a tarde no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, que possuí uma vista belíssima da Baía de Todos os Santos. Lugar ideal para assistir ao amistoso do Brasil.

Santo Antônio Além do Carmo é um lugar raro em Salvador, com seus casarões antigos, alguns, mesmo decadentes, são imponentes pela sua história. Moradores simpáticos e hospitaleiros, sentados nas portas de casa, espiando das janelas. Ali, o tempo passa sem pressa, num outro ritmo. Clima nostálgico de interior que ainda é vivido por seus moradores, mesmo na terceira maior capital do país... Até o dia 13 acontece por lá a festa em homenagem a Santo Antônio, com barracas na praça, bebidas e comidas... Gosto dessa época do ano. Ontem, a procissão emocionou os fiéis católicos que apareceram por lá. Eu, claro, fiz minhas orações (risos)...

E hoje estava lendo uma entrevista com o psiquiatra Roberto Shinyashiki, publicada na revista "Isto É". Achei interessante postar hoje aqui. O entrevistador, Camilo Vannuchi, fez a seguinte pergunta: Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus? A resposta do médico mexeu comigo.

“A sociedade quer definir o que é certo. São quatro as Loucuras da Sociedade. A primeira é: instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais. A segunda loucura é: você tem de estar feliz todos os dias. A terceira é: você tem que comprar tudo o que puder. Por fim, a quarta loucura: você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar, indo à praia ou ao cinema. Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. Maior parte pega o médico pela camisa e diz: ‘Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz’. Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali, eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida”.


Noite e Dia
(Lobão/Júlio Barroso)

Nos lençóis da cama
Bela manhã
Um jeito de acordar
A pele branca
Gata garota
O peito a ronronar
Seu fingir dormindo
Lindo
Você está me convidando
Menina quer brincar de amar (bis)
No escuro do quarto
Bela na noite
Nas ondas do luar
Os seus olhos negros
Pantera nua
Querem me hipnotizar
E eu olho sorrindo
Lindo
Você está me convidando
Menina quer brincar de amar (bis)

5 comentários:

Renata Almeida disse...

Mudar é sempre bom, drinques novos são melhores ainda, Santo Antônio uma delicia e a entrevista do cara, fantástica! O post de hoje foi tudo!
Olha, quem tem problemas com Nossa Senhora da Agenda é o senhorito e Juba!!!
Estou esperando...não vou acreditar que nem a possibilidade de ficar sem me ver por um tempo vai fazer vocês comparecerem em algum encontro (que drama! heheheh)
Beijos!!!!!!!!!!!!! Te amo!

Anônimo disse...

Trabalhando ainda.... saco!!!
bjo e tchau!

Anônimo disse...

Salvador realmente tem lugares surpreendentes...moramos numa cidade grande e não nos damos conta dos lugares fantásticos que dispomos e que pouco aproveitamos. Como vc mesmo disse o Santo Antonio é um deles. Parece que estamos fora de Salvador...estamos em outro atmosfera. Precisamos ficar mais atentos e aproveitar esses lugares.
Muito legal a entrevista com o psiquiatra Roberto Shinyashiki. Nos faz pensar no valor das pequenas coisas, do nosso posicionamento em relação a vida, a satisfação pessoal e a felicidade.

Anônimo disse...

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