31 maio 2006

Por que mudar hábitos é tão difícil?

Existe coisa mais difícil do que mudar nossos hábitos? Deixar um vício é quase sempre uma prova de fogo. Hoje é o Dia Mundial de Combate ao Fumo e, confesso, vivo às voltas com o cigarro. Deixo um tempo, passo a odiar o cheiro... aí sinto vontade de novo e pronto: vou lá e fumo mesmo. É difícil. Confesso que o esforço para deixar o vício é quase sobre-humano! Convivo com pessoas que não toleram o cigarro. Agora me empenho nisso e estou conseguindo. Espero que essa mudança de hábito seja definitiva, desde que eu não caia em tentação...

Soube que somente aqui na Bahia, um terço da população adulta tem o vício. As propagandas anti-tabagistas ainda são ineficientes, isso é fato. Acredito que a propaganda subliminar, o merchandising do cigarro, é muito mais eficiente e apelativo. Banida da mídia tradicional, a indústria de tabaco usa o próprio produto para fazer propaganda, exibindo fumantes, e estão por todos os lados: no cinema, na música, no teatro e algumas vezes nas telenovelas. E esquecemos que aquele cowboy, que fumava e fazia propaganda da Marlboro, morreu de câncer...

Por que fumar? Bom, como uma pessoa que está tentando deixar o vício, posso apontar alguns motivos: o cigarro é um companheiro fiel, está sempre disponível, alivia o estresse, estabelece uma pausa no seu dia para promover a reflexão... Os motivos para deixá-lo se superam: o cheiro é insuportável, fica impregnado no corpo todo, na roupa, cabelo, hálito... Fumantes inalam cerca de 4,7 mil substância tóxicas, emitidas pelo cigarro, das quais 60 são cancerígenas. Doença coronariana, infarto do miocárdio, doença pulmonar obstrutiva crônica, enfisema, doença cérebro-vascular, derrame e câncer são apenas alguns exemplos.

Não quero e não vou fazer parte de estatísticas! A música, na verdade, fala de outra coisa... Mas, isso já é uma outra história!


Cigarro
Zeca Baleiro

A solidão é meu cigarro
Não sei de nada e não sou de ninguém
Eu entro no meu carro e corro
Corro demais só pra te ver meu bem
Um vinho, um travo amargo e morro
Eu sigo só porque é o que me convém
Minha canção é meu socorro
Se o mar virar sertão, o que é que tem?
Dias vão, dias vem, uns em vão, outros nem...
Quem saberá a cura do meu coração senão eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu
O amor é pedra no abismo
A meio passo entre o mal e o bem
Com meus botões a noite cismo
Pra que os trilhos, se não passa o trem?
Os mortos sabem mais que os vivos
Sabem o gosto que a morte tem
Pra rir tem todos os motivos
Os seus segredos vão contar a quem?
Dias vão, dias vem, uns em vão, outros nem
Quem saberá a cura do meu coração senão eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu.

29 maio 2006

“Foguinho é muito sacana”

Criança é um barato mesmo... Verdadeiras, honestas, não mentem nunca, falam tudo que vêm na cabeça, sem censura e sem hipocrisia. Captam de longe o estado de espírito das pessoas. Neste final de semana, aniversário de oito anos de Breno, meu sobrinho, dediquei boa parte do meu tempo a elas: Dandara (minha afilhada), o aniversariante, Thaiana e Gabriel. A casa ficou lotada. E como recordar é viver, não faltou assunto em casa: família, amigos, novidades do “Beco da Baiúca”, nada escapou do olhar crítico para recriar interpretações para velhas histórias que conheço muito. O aniversário foi muito bom, barulho, crianças correndo, bolo, brigadeiro, guaraná... Adoro festa de criança!

Como havia prometido a Gabriel Castro Issa (ele sempre faz questão de dizer o nome completo quando lhe perguntam como se chama), iria pega-lo à tarde para vir ao aniversário. Como dormi a tarde toda, só cheguei em Brotas umas 18h30. Ele já me esperava na janela, pronto, presente na mão, e colocando em dúvida se eu iria pegá-lo ou não. Quem é Gabriel? Gabriel é filho de uma grande amiga minha – na verdade adoro a família toda, parentes que “escolhi” aqui em Salvador – um “neném” de três anos, esperto, inteligente, tagarela. Quando chegou lá em casa, foi logo soltando a pérola: “Quinho, Foguinho é muito sacana”. Não houve quem não gargalhasse! Isso após ele conhecer o novo morador lá de casa, “Foguinho”, um papagaio verde-amarelo, que deve ter uns dois meses de idade e tão inquieto quanto. Danado como só ele, foi bicado pelo bicho. Gargalhada geral! Que figurinha o cara!

Depois do aniversário, muitas coisas pra fazer, dar carona a uns convidados, levar Gabriel em casa, outro aniversário pra ir, enfim, noite fria e movimentada. Quando todas as possibilidades da madrugada já haviam sido esgotadas, apesar do frio e da possibilidade de chuva, fomos parar no Mercado do Peixe, eu e mais dois amigos. Gosto dali. Apesar de ser simples, o local geralmente é agradável, genuinamente baiano, desde as músicas, até a culinária típica (que quase nunca me arrisco). Dá a impressão que após a balada, o local é escolhido pela galera para tomar a “saideira”. Como o que vale mesmo é a boa conversa, a cerveja gelada, foi uma madrugada agradável... As horas passaram tão depressa, o bate-papo rendeu tanto que, quando olhamos pro relógio já eram quase 5h da manhã e a saideira nunca era a saideira. Acho que ninguém queria ir embora!

Quase não dormi e às 10h do domingo já estava sendo acordado, puxado da cama, literalmente (risos)... Fui convocado para um almoço, pra variar atrasei. O almoço foi bom, a companhia é boa e o papo não poderia ser melhor. Gosto do diálogo, acho que ele é o que mantém qualquer relação, seja de amizade, familiar, de cumplicidade, namoro, enfim. Diálogos inesperados sobre necessidades domadas (risos). Porém, tem que ser sincero, verdadeiro, e sinceridade é o que encontrei agora! Nunca conversei tanto, por tanto tempo, sobre vários assuntos: música, cinema, jornalismo, a inconstância das pessoas, administração do tempo, decepções, entretenimento, a noite de sábado, espiritualidade, passado, presente, futuro, problemas, família, futuro com planos. Empolgação!

Saiba – A música de hoje é uma composição de Arnaldo Antunes, cantada também por Adriana Calcanhotto. Fala de igualdade, de infância, da família, da inocência perdida, ou não. Da inocência que todos nós temos, até sermos transformados pela vida. Legal isso, essa nostalgia, as recordações, as mudanças, a saudade de uma época que não volta, mas, marca pro resto da vida. Divertir-se com os sobrinhos é ótimo... Agora, graças a Gabi, descobri que Foguinho é sacana! Vou ficar de olho...


Saiba
(Arnaldo Antunes)

Saiba: todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão também
Hitler, Bush e Sadam Hussein
Quem tem grana e quem não tem

Saiba: todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
e também você e eu

Saiba: todo mundo teve medo
Mesmo que seja segredo
Nietzsche e Simone de Beauvoir
Fernandinho Beira-Mar

Saiba: todo mundo vai morrer
Presidente, general ou rei
Anglo-saxão ou muçulmano
Todo e qualquer ser humano

Saiba: todo mundo teve pai
Quem já foi e quem ainda vai
Lao Tsé Moisés Ramsés Pelé
Ghandi, Mike Tyson, Salomé

Saiba: todo mundo teve mãe
Índios, africanos e alemães
Nero, Che Guevara, Pinochet
e também eu e você

26 maio 2006

Começando do meio, para por fim

Engraçado! Quando a gente se propõe a fazer um blog quanta coisa temos pra contar: nossas ações, problemas, emoções, aventuras... E quanta coisa muda. Nosso cotidiano (infinito e particular), vira história, disponível a todos. E nesta sexta-feira, mais um dia de chuva em Salvador, apesar te ter alguns desafios para superar, percebi uma deficiência minha: nunca escrevi uma poesia de verdade. Nunca me dediquei a isso. Não sei porquê... Talvez por falta de sensibilidade para pô-las no papel. Talvez por que os poetas que gosto e admiro me tolham a vontade de fazê-las. Na minha opinião, poesia é pra inquietar. Pra fazer pensar e não para endeusar os seus autores.

O poeta é aquele que transita entre o ópio da criação e a verve da inspiração. Voltado inteiramente para dentro de si, ele passa a expressar suas preocupações existenciais – o destino da humanidade, os desencontros amorosos, o amor, a solidão, a morte... Para ele, o poeta, o sentimento de mundo jamais é estéril, pelo contrário, são agentes catalisadores de um sentimento maior. O poeta não é frio como acontece com outras “profissões”, nem metódico, nem hermético como um dicionário. Ele apenas faz do oficio de escrever uma coisa maior... A idéia é exorcizar seus delírios e, por isso, eternizar ao mundo seus sentimentos.

Aguçar os sentidos. Sentir a vida pulsar e recriar o ritmo, a forma, a cor. Sentir as palavras e expulsá-las do silêncio. Criar. Escrever com o corpo todo. Partindo deste principio, de toda essa definição poética que criei agora, vou tentar me dedicar mais a este estilo literário, apesar de preferir os contos. E confesso que não há nada melhor do que ser homenageado com uma poesia. Isso sim, não tem preço. É a imagem que recriam da gente, baseado em vivência, interpretações pessoais, sentimentos. E nos faz pensar, tentar aprender com isso.

Essa aí embaixo foi feita pra mim, e eu adoro... Faz referência a tudo que gosto: sutilezas, metáforas, criação e à minha escritora favorita - Clarice Lispector.


Começando do meio, para por fim, você e eu

Clarisse me trouxe a pergunta que ainda não havia formulado
Trouxe-me na sua resposta
Eu finjo que não te namoro
Só pra depois ter o susto de nos ver enamorados

Esta brincadeira de mentira compartilhada ainda virará verdade?

Serei um parque de diversões quando crescer
Só pra transformar em verdade cada jogo de imagens e sons
Te levar pra longe daqui e perto do ócio

Mas tenho medo
Medo da quebra do encantamento
Medo de como a minha poesia pode te afastar de mim

Fico a buscar o lucro gerado pela poesia
Uma sedução literal de querer falar do amar
Desconstruir para ter o encontro
Afinal, o ser amável está na busca, na procura

Sedução? Não a nego
Meu nêgo você já é dono dela
Segue decodificando o meu saber, truncado
Uma linguagem que só a ti cabe decifrar

Já conheço a mim mesmo, por isso me devoro
Por isso não devo mostrar-me a ti
Mas sou inocente
Inocente da culpa de te amar
Permita-me que eu faça poesia, que alcance a catarse
Mas aqui já não há inocentes

A moral que vale é a ética que divido contigo
O encantamento que terá é do Mestre dos Magos
Da bruxa, se preciso for
Feitiço dos tempos modernos...

Meu interesse é pelo belo
A felicidade? É clandestina
O sol branco é o hélio que me come

Nego o abandono mas, é ele que destroça meu peito
Mas é ele também que gera antropia
Essa manifestação orgânica do meu consciente é meu vício

Mastrar-te essa poesia será como a minha eutanásia
Lê-la, então, trará o vira-mundo
Deixará as nossas vidas sob a Terra
Fará o sol nascer aqui e agora

Não quero te libertar desse amor, ele alimenta minha lírica
Quero a sua voz, rindo, lendo, contando histórias
Quero-o meu herói, meu mestre
Ensina-me a deitar com a poética das letras

Ser...

25 maio 2006

"The Da Vinci Code"



Com aquela confusão de ontem na cidade – estudantes e rodoviários impedindo o trânsito – resolvi não ir para a faculdade. Também, não tava com a menor vontade de assistir a mais uma palestra sobre Jornalismo Econômico. Saí do trabalho e fui direto para casa, resolvi algumas coisas pendentes e passei na locadora para devolver um filme (não agüento mais pagar multa!). Depois de muita insistência, saí de casa lá pelas 21h e passei no Iguatemi. A verdade é que tô cansadão, quase dormindo acordado. Quando voltei para casa já eram quase 2h da madrugada. Complicado! Principalmente quando temos que acordar às 6h30. Mas, valeu pela insistência. Soube através de um agente de viagens amigo meu que a Gol vai lançar hoje uma promoção imperdível! Passagens aéreas a R$ 25. Nada mal, só falta divulgarem os roteiros. Quem sabe não rola um final de semana diferente?

Hoje quero comentar sobre O Código da Vinci, maior evento cinematográfico do ano, que deverá bater recordes de bilheteria pelo mundo. Concordo que livro é livro e cinema é outra coisa. Este pode até transmitir elementos reais, mas, nunca a totalidade do real. Apesar de todos saberem que se trata de uma obra de ficção (contradizendo Dan Brown), é sempre a mesma história: comparações com o romance que deu origem ao roteiro são inevitáveis. Confesso que prefiro o livro.

A equação proposta pelos realizadores de O Código da Vinci é infalível: adaptação de um romance que vendeu milhões de cópias (Don Brown); Tom Hanks, Audrey Tatou, Jean Reno no elenco; Ron Howard na direção (A luta pela esperança, Desaparecidas e Uma mente brilhante). Polêmica religiosa e muito dinheiro em propaganda deram um molho especial ao filme e estimulou bilheteria. Confesso que conheço pessoas que acompanharam cada nota na mídia sobre o filme. Está combinação im “perfeita” não me agradou. Faltou alguma coisa... E olha que não sou católico. Conservador é uma coisa que não sou nem sob tortura! Não sei dizer exatamente o que faltou no filme. Talvez por ter a certeza de já ter criado aquilo tudo na mente ao ler o livro...

Mas, que essa historinha é conhecida, isso é. O problema crucial da narrativa do filme é quando as explicações teóricas passam a dominar a narrativa. É uma espécie de "vômito" informativo, tipo tudo-ao-mesmo-tempo-agora. Culpa de Dan Brown, que supervisionou de perto a realização do filme. Mas, mesmo num filme de ficção, a pergunta é inevitável: E se tudo fosse verdade?

Expectativa - Hoje vou editar mais um vídeo. Essa história de manipular imagem, texto e trilha sonora é muito legal. Quando há sincronia então... Só falta definir a trilha sonora!



A Balada do Cachorro Louco
(Lenine, Lula Queiroga E Chico Neves)

Eu não alimento nada duvidoso
Eu não dou de comer a cachorro raivoso
Eu não morro de raiva
Eu não mordo no nervo dormente


Eu posso até não achar o seu coração
E talvez esquecer o porquê da missão
Que me faz nessa hora aqui presente
E se a minha balada na hora h
Atirar para o alvo cegamente
Ela é pontiaguda
Ela tem direção
Ela fere rente
Ela é surda, ela é muda
A minha bala, ela fere rente

Eu não alimento nenhuma ilusão
Eu não sou como o meu semelhante
Eu não quero entender
Não preciso entender sua mente
Sou somente uma alma em tentação
Em rota de colisão
Deslocada, estranha e aqui presente

E se a minha balada na hora então
Errar o alvo na minha frente
Ela é cega, ela é burra
Ela é explosão
Ela fere rente
Ela vai, ela fica
A minha bala ela fere rente

24 maio 2006

Um martelo, o cinema, a religião e a morte...


No filme "Perfume de Mulher", há uma cena inesquecível, em que um personagem cego, vivido por Al Pacino, tira uma moça para dançar e ela responde: "Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos". "Mas em um momento se vive uma vida" - responde ele, conduzindo-a num passo de tango. Emocionante! Esta pequena cena é o momento mais marcante do filme. Mágica do cinema! Como diria Emanuela Yglesias nas aulas de audiovisual, é o plot-point da narrativa cinematográfica. Brilhante!

Só que a vida, para ser mudada, às vezes precisa de mais. Outras vezes não, o que temos basta. E não precisamos ser cegos para mudá-la, mas nem sempre essa mudança é benéfica. Deve ser uma mudança pensada. Fiquei chocado quando li sobre a morte da baiana Carla Souza, de 37 anos, e seu filho Caíque, de 11 anos, que viviam há mais de dez anos nos Estados Unidos. Ambos assassinados com golpes de martelo por Jeremias Bins, marido de Carla e também brasileiro. Será que ele quis dar uma mudança sem volta à sua vida? Às vezes fico imaginando o que pode motivar um crime passional. Matar por matar? Prazer? Desespero? Carma? Dívidas da alma? Morar no Brasil favorece? E quem mora nos EUA? Confesso que o jornalismo investigativo e policial é um dos que mais me excitam profissionalmente, mas, não consigo deixar de me surpreender quando assisto ao noticiário ou leio a página policial de um jornal. A fraqueza humana está toda ali...

Enquanto a imprensa baiana se esforçava ao máximo para encontrar os parentes de Carla – descobriu-se depois que ela era de Feira de Santana – as opiniões e sugestões para o motivo do crime foram muitas. E os incansáveis jornalistas, sempre lá, coitados, como abutres atrás da caça, correm atrás de dolorosas declarações de familiares. Estes, por sua vez, ouvem pela televisão que seus familiares estão mortos, desfigurados a golpes de martelo. Desfaz-se sonhos... Casada há dois anos com Bins, com certeza ela acreditava na felicidade. Mudou de cidade, aprendeu outra língua, conviveu com outra cultura... Mas, seu grande "defeito", aliás, dela e do seu filho, era a religião: eles freqüentavam a igreja Mórmon! A polícia local informou que Jeremias – católico –, matou os dois por não gostar da religião que praticavam.

Fico então imaginando: católico fervoroso, mesmo morando nos Estados Unidos, país que não tem tradição católica... Como foi capaz de uma atitude bárbara deste tipo, clara intolerância religiosa? Tempos modernos... Imagina se ele está morando na Bahia? Será que se escandalizaria com as ações, atitudes e sincretismo do Padre Pinto? Parece roteiro bizarro de filme, que pode muito bem ser americano...

O código instrumental da missão impossível

Engraçado, hoje acordei com uma música do Gil na cabeça. E olha que isso não acontece comigo há um bom tempo: acordar cantando! “Quando a gente tá contente/Tanto faz o quente/Tanto faz o quente/Tanto faz o frio/Tanto faz/Que eu esqueça do meu compromisso/Com isso e aquilo/Que aconteceu dez minutos atrás/Dez minutos atrás de uma idéia/Já dão pra uma teia de aranha crescer e prender/Sua vida na cadeia do pensamento/Que de um momento pro outro começa a doer”. A grande sacada do homem é saber aproveitar o tempo. A verdade é que hoje penso em coisas que há muito tempo não pensava. Descobri que preciso de muito pouco pra ser feliz e me divertir. Final de semana prometeu e não me decepcionou! Acho que nunca tive uma programação tão intensa nos últimos... no último ano. Quebrar paradigmas é a palavra. Perfeito, divertido, intenso... Ah, o título é hibrido do meu final de semana!

Como já disse, além dos momentos bons, neste final de semana também vivi algumas coisas estranhas. Experiência envolvendo sensações, desejos, sentimentos, pensamentos e percepções. Além de teorias e elocubrações sobre a Cabala. Pode? Claro que pode e eu tô feliz! Calma! Não passei o final de semana embreagado ou me drogando. Mas que fiz uma viagem etérea, ah, isso eu fiz. Acho que até tive contato com o sagrado. Uma experiência única comigo mesmo, mas, isso é motivo para um outro post. Como este blog não tem o intuito de ser um “manual de um animal sentimental”, não vou detalhar estas experiências aqui. Fica como um bom momento para mim e para quem esteve comigo!

Vou explicar para vocês minha "via-crusis": sexta-feira trabalho, passar em casa para tomar um banho, trocar de roupa... percebi que a noite logo estaria comprometida (deveria ir à faculdade mas tive o caminho desviado, quase um sequestro!). Saí, encontrei gente legal, bebi algumas cervejas, conversei e me diverti muito. Cheguei em casa quase ao meio-dia do sábado. Sábado, 10h30, descubro que tenho uma carona para o final de semana em Aracaju mas já era tarde (por motivos de força maior, relacionados à noite de sexta, não pude ir. Valew Zé pelo convite!). Depois, sessão de filmes no Multiplex, com direito a Missão Impossível e o tão criticado O Código da Vinci. Para fechar o final de semana, fui assistir no domingo à noite, o Festival de Música Instrumental no TCA. A grande frustração ficou por conta do instrumentista Ramiro Mussoto. Apesar de adorar o trabalho do cara, consagrado e presente na obra de cantores que adoro, não pude assistir sua apresentação. Sem condições, né Fá? Não dava mais para permanecer ali. Fomos ao Solar das Orquídeas tratar da mostra, roteiro e outros assuntos.

Alguns devem estar se perguntando: “você fez tudo com quem?”. Não importa! Estive sempre bem acompanhado. Estou feliz e voltei a sorrir. Uns acham que é isso, outros, com certeza, afirmarão: é aquilo! Repito, no momento, não importa. O que importa é que estou feliz. Os quem me conhecem, estão felizes por mim. Quem me faz feliz, e eu tento retribuir, está mais feliz ainda. Legal recuperar os sentidos!


Guardar*

Guardar...guardar...guardar...
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la
Em cofre não se guarda nada
Em cofre perde-se a coisa à vista
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la
Mirá-la por admirá-la
Isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado
Estar acordado por ela
Estar por ela
Ou ser por ela


*Re-descobri este poema agora, que não recordo o nome, do Antônio Cícero – filósofo, compositor e irmão de Marina Lima. Estava ouvindo o disco "O Chamado", quando ela recita esse poema no começo da faixa Deve ser Assim. Gosto dele! Muito! Tenho mania de querer guardar. Guardo tudo! Mas tô me desprendendo disso... Esse poema joga na minha cara que o melhor jeito de guardar as coisas é exatamente esse sugerido pelas letras: não possuí-las em lugar nenhum. Pelo menos em nada que seja palpável. Deixa-las guardadas apenas na memória. Isso tem relação direta com um processo maior de auto-conhecimento. Um dia eu aprendo e relato aqui para vocês.