10 março 2008

Una raya que separa el mundo

Hoje ouvi Lenine até a exaustão... A mais tocada: Miedo, com Lenine e Julieta Venegas. Muito gostosa a música. E a letra...

PS. Notícias boas são sempre bem vindas.

Depois... Desaprender oito horas por dia ensina o princípio das coisas.


Miedo
(Pedro Guerra/Lenine/Robney Assis)

Tienen miedo del amor y no saber amar
Tienen miedo de la sombra y miedo de la luz
Tienen miedo de pedir y miedo de callar
Miedo que da miedo del miedo que da

Tienen miedo de subir y miedo de bajar
Tienen miedo de la noche y miedo del azul
Tienen miedo de escupir y miedo de aguantar
Miedo que da miedo del miedo que da

El miedo es una sombra que el temor no esquiva
El miedo es una trampa que atrapó al amor
El miedo es la palanca que apagó la vida
El miedo es una grieta que agrandó el dolor

Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá

Tenho medo de acender e medo de apagar
Tenho medo de esperar e medo de partir
Tenho medo de correr e medo de cair
Medo que dá medo do medo que dá

O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma casa aonde ninguém vai
O medo é como um laço que se aperta em nós
O medo é uma força que não me deixa andar

Tienen miedo de reir y miedo de llorar
Tienen miedo de encontrarse y miedo de no ser
Tienen miedo de decir y miedo de escuchar
Miedo que da miedo del miedo que da

Tenho medo de parar e medo de avançar
Tenho medo de amarrar e medo de quebrar
Tenho medo de exigir e medo de deixar
Medo que dá medo do medo que dá

O medo é uma sombra que o temor não desvia
O medo é uma armadilha que pegou o amor
O medo é uma chave, que apagou a vida
O medo é uma brecha que fez crescer a dor

El miedo es una raya que separa el mundo
El miedo es una casa donde nadie va
El miedo es como un lazo que se apierta en nudo
El miedo es una fuerza que me impide andar

Medo de olhar no fundo
Medo de dobrar a esquina
Medo de ficar no escuro
De passar em branco, de cruzar a linha
Medo de se achar sozinho
De perder a rédea, a pose e o prumo
Medo de pedir arrego, medo de vagar sem rumo

Medo estampado na cara ou escondido no porão
O medo circulando nas veias
Ou em rota de colisão
O medo é do Deus ou do demo
É ordem ou é confusão
O medo é medonho, o medo domina
O medo é a medida da indecisão

Medo de fechar a cara
Medo de encarar
Medo de calar a boca
Medo de escutar
Medo de passar a perna
Medo de cair
Medo de fazer de conta
Medo de dormir
Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez

Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar
Medo... que dá medo do medo que dá
Medo... que dá medo do medo que dá

07 março 2008

Clarices

A cidade estava estranha naquele dia. Acho que eu estava estranho... Tive sensação parecida outro dia: para mim, uma nuvem prestes a explodir; para outros, energia e inércia juntas... E isso pairava sobre tudo. Esse tudo dava sinais às conversas, aos gestos, aos segredos.

Lembrei dos olhares. Pessoas comuns na mesma sintonia. Lembro que ela ganhou uma flor. E ela (a outra), sensível, percebeu as sutilezas e insistia em dizer que existia algo a ser resolvido. Concordei com ela, fiquei intrigado e agradeci. Coisas que são ditas, pessoas sensíveis, mensagens incertas para destinos mais que certos. Coisas que precisava ouvir com atenção, especialmente naquele dia. Outras tantas coisas pra resolver.

O anel (dela) mudou de cor, sem motivo. A flor (da outra) murchou. O dia chegou iluminado e indiferente. Tive crise de insônia, depois de sonambulismo.

Antes, do outro lado, ouvi a multidão gritar.

Um lustre tentava iluminar as idéias...


Lembrei de Clarice:

“Ela era fluida durante toda a vida. Porém, o que dominara seus contornos e os atraíra a um centro, o que a iluminara contra o mundo e lhe dera íntimo poder foi o segredo”.

Fechei o livro! Deixei cair algumas cincas sobre Clarice e voltei a ler, cheio de gratidão.